A restituição de tributos pagos indevidamente ou a maior no Simples Nacional é uma prerrogativa legal prevista para empresas optantes por esse regime. No entanto, o cumprimento do prazo estabelecido pela legislação está longe de ser uma realidade para a maioria dos contribuintes, e é justamente nesse contexto que a atuação do contador ganha relevância.
Neste artigo, discutimos os principais aspectos técnicos sobre o prazo de restituição do Simples Nacional, os gargalos enfrentados no processo e o papel ativo que o profissional contábil deve assumir na defesa dos interesses do contribuinte.
O Simples Nacional, conforme estabelecido pela Lei Complementar nº 123/2006, prevê que, nos casos de pagamento indevido ou em valor superior ao devido, o contribuinte tem direito à restituição.
Isso pode ocorrer por erro de preenchimento da guia DAS, duplicidade de pagamento ou até por interpretações equivocadas de alíquotas e anexos. O pedido de restituição deve ser feito preferencialmente via Portal e-CAC, e o prazo legal para a devolução dos valores é de até 60 dias, a contar do protocolo do pedido.
Embora a norma seja clara, a realidade operacional é desafiadora. Contadores relatam atrasos que ultrapassam amplamente o limite legal, com pedidos que permanecem sem resposta por meses ou até anos.
As causas mais recorrentes incluem:
Essa morosidade compromete o caixa das empresas e reforça a necessidade de controle rígido por parte do contador quanto aos prazos e à documentação enviada.
A ausência de informações claras sobre o andamento do pedido de restituição é um obstáculo adicional. O sistema da Receita não fornece atualizações precisas, e os canais de atendimento são, muitas vezes, ineficientes.
Isso exige do contador uma atuação mais ativa: registrando protocolos, mantendo histórico de comunicações e monitorando sistematicamente cada etapa do processo.
Como o contador pode (e deve) intervir estrategicamente
Diante desse cenário, algumas ações são essenciais para que o contador auxilie de forma eficaz seus clientes:
A restituição no Simples Nacional é mais do que uma obrigação fiscal, é um direito do contribuinte. Mas sua efetivação depende, cada vez mais, da atuação estratégica do contador.
Conhecer os prazos legais, dominar os procedimentos e atuar preventivamente são práticas que colocam o profissional contábil em uma posição de protagonismo na gestão tributária dos seus clientes. Diante de um cenário em que a morosidade é regra, é justamente a precisão técnica e o controle processual que farão a diferença.